quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ESPAÇO DISPONÍVEL













Deito-me no teu corpo
como se fosses a minha última cama
no meu quarto de hóspede dos dias.


Deito-me e velo
a criança lúcida
que dorme reclinada
na orla marítima do silêncio.


Ali onde o tempo
se anula e renova
na substância palpável
dum gesto ou dum olhar
colhidos sobre a água
construo a minha casa,
habito o espaço inteiro
disponível para a vida,
necessário para a morte.




(De in «Frágeis São As Palavras»,
Antologia Pessoal, com um
retaro do autor por Jorge Pinheiro,
Colecção Pequeno Formato,
Edições ASA, Julho, 2004)

Albano Martins

(1930)

1 comentário:

Special K disse...

Olá meu amigo, estou em semi-regresso à blogosfera. Passei só para deixar um abraço.

Museu Berardo - Como é que o classificas?